domingo, 29 de janeiro de 2012

Do espanto à lucidez

Vieram devagar.
Ouvi os barulhinhos de longe.
Cobra com seu chocalho.
Ratos e seus ruídos.
Baratas, lesmas, sapos não escutei; apenas vi.

Os nervos começaram a endurecer.
O ventre a se contrair.
O corpo a arrepiar.
As extremidades a gelar.
O suor a percorrer o rosto.

Parei de temer o porvir.
Debrucei-me em ver por outro canto do entender.
O fundamental é saber enxergar.
Apaziguei o corpo.

Os bichos me alcançaram.
Subiram em mim e na cadeira.
A cobra circundou as pernas sem apertar.
As baratas subiram até a cabeça e se embrenharam pelo cabelo.
Os sapos e as lesmas se estabeleceram nas cochas.
Um rato urinou quentinho no ombro direito,
O outro cheirava o esquerdo.

Transformei-me numa árvore da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário