quarta-feira, 7 de março de 2012

Algumas facetas

Sou uma ativista do direito de ser mole. Quer cair, deixa cair. O corpo humano foi feito pra isso. Sou ativista dos traços no rosto. Começam miudinhos e, com o tempo, vão cavucando a pele. Principalmente a da Dona Maria, sertaneja que conheci há um mês. Ela sim se deixou riscar pelo tempo no sertão mineiro. Sua pele parece o solo do lugar onde habita. Para tanto, bastou a ela: sorrir demais, chorar demais, viver demais.  Sou ativista do prato cheio. Do olho sedento. Do pão com manteiga quentinho mergulhado num pingado. Sou ativista da liberdade dos pássaros. Até hoje, não entendi como um ser pode colecionar vida e, desse jeito, concentrar os pios de diferentes espécimes em alguns poucos metros quadrados.  Sou ativista-mor da delicadeza. Nem precisam colocá-la no artigo sexto da Constituição Federal, aquele que fala dos direitos sociais, basta plantar em cada menino e menina recém-nascidos a bendita apenas dando o exemplo. Daí a semente da delicadeza daria frutos em todo o canto do mundo. Sou ativista da preguiça. Aquela que me faz escrever quando estou com vontade de descansar. É ela que me deixa estática, sem o impulso para fazer faixas e esbravejar aos quatro cantos todo esse ativismo meu. 

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