Estava presa em um
lugar cheio de paredes. Elas cresciam conforme seus pensamentos transcorriam.
Pareciam brotar feito planta. Uma sensação de tempo perdido. E quanto
mais pensava sobre as horas que se esvaiam e ela ali presa, mais as paredes se
transformavam em labirinto. Foi se enraivecendo com vontade de parar de pensar.
Todavia, os pensamentos a tomavam. Agora as paredes começaram a despencar
golpeando o chão. Continuou a caminhada imersa na obsessão de deixar de pensar.
Os pensamentos vinham em turbilhão. Amontoavam-se. As paredes desenhavam
percursos quadráticos no infinito. Quinas aos milhares. Ela deixou de dar
passos por aqueles corredores inebriantes. Sentou no chão e principiou a
cantarolar. Estratégia para não pensar. Em vão. Mesmo assim os pensamentos a
consumiam. Desesperou-se. Levantou e começou a correr. Batia seu corpo contra
as paredes, o que provocava nela uma dor aguda. Essa asfixia que a torturava na
tentativa de deixar de pensar, não se equiparava à dor física. Intencionava
esvaziar-se em pensamento, mas nada, não conseguia. Ouvia as paredes
despencarem ensurdecedoramente. Desnorteou-se. Iniciou um soluçar sem fim. A
tormenta foi transformada em calmaria pelo cansaço. Viu de forma clara,
naquelas brechas de consciência que ocorrem em instantes raros: a prisão era a
de dentro, não a de fora.
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