quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Raio-X de um ato da Sra. P


Vinte e dois de agosto:
Cinta-liga, calcinha enfiada e chicote.
Encenação, por mais um dia.
Sra. P adentrou o quarto, para bater o ponto.
Porém,
Os aparatos do seu trabalho foram-lhe arrancados.
Tornaram-se armas na mão do cliente.
Os dentes dele deformaram sua pele.
Cadela e escrota, gritos bradados pelo corpulento homem.
Dor e humilhação se emolduraram em ira na alma da Sra. P.
A visão dela se escureceu:
Várias facadas.
A Sra. P desfigurava o indivíduo.
Os machucados de uma vida transbordaram em um ato.
Flashes de sangue.
Seu ser gritava em estocadas.
Desmaiou.
Polícia, prisão em flagrante, inquérito.
A ampla defesa e o contraditório dissolveram-se diante da profissão da Sra. P.
Legítima defesa? Não existia para ela.
Enjaulada agora está.
O cliente resumiu-se a pó.
Na lápide, lê-se:
Homem público, pai, marido: um exemplo.

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