sábado, 6 de outubro de 2012

Com o rei na barriga, somos avessos ao avesso

imagem retirada do google



Colocar pontos de interrogação em posicionamentos firmes não é tarefa fácil. Destroçar verdades quase intocáveis é deixar o interlocutor sem chão. Apontar caminhos pode ser visto como presunção. Debater de forma crua, sem muitos floreios, desperta a agressividade alheia por um lado, e por outro pode acuar os convivas. No decorrer da caminhada em que essa ausência de questionamentos ocorre, vamos consolidando o laço com aqueles que pensam de maneira semelhante. E, quando nos damos conta, estamos a debater em círculos, reafirmando nossos posicionamentos sobre tudo e todos. Isso porque é mais confortável. Sair da caixa dos comuns é “perigoso”, pois a divergência pode corroer o ego.
Com o tempo passando a galope, parece que corremos mais e mais para alcançar a linha de chegada do pensamento uniforme. Sem perguntarmos os porquês de estarmos correndo naquela direção.  A crítica destrinchadora passou a ser artigo de luxo, para quem quer ouvi-la. Ao nos filiarmos a determinadas formas de ver o mundo, passamos a rejeitar qualquer forma de argumento que possa desestabilizar aqueles conceitos cultivados no decorrer de uma vida. Com isso nos amalgamamos em esferas do pensar, sem indagar. Pasteurizamo-nos em grupos marteladamente esquematizados.
Em tempos de julgamentos e eleições decisivos na República (das Bananas? Ou já podemos dizer Federativa do Brasil?), vemos que quem diverge, em certa medida, é escorraçado. O Mensalão está aí. Traduz uma forma de fazer política no Brasil. Uma política mercadológica em que a ideologia é comprada por dinheiro vivo. Não nos esqueçamos da compra de votos, durante o governo Fernando Henrique Cardoso também, em que foram negociados inúmeros votos de parlamentares a favor da reeleição para cargos do Poder Executivo – Presidente da República, Governador de Estado e Prefeito. Pena que naquele período, tínhamos um “Engavetador” Geral da República, que fazia vistas grossas.
Atualmente, nessa trajetória da formação de um senso crítico, creio eu, mais apurado, estamos vendo um julgamento em que a punição a esse tipo de fazer política está sendo realizado. Ou seja, quem sabe a partir daí haja uma política menos de compra e venda de votos e mais uma política do debate de opiniões que reflita a complexidade desse país continental.  Como observamos, a compra de votos permeia todos os partidos, do PT ao PSDB. Depois do julgamento do mensalão do PT, que venham os demais: mensalão do PSDB de MG, o mensalão do DEM do DF, Daniel Dantas e por aí vai.
Desfazer essa forma de fazer política é consolidar a democracia, para tanto uma Reforma Política se faz necessária. O país merece. Nós merecemos. E que o debate venha para problematizar esse modo “toma lá, dá cá” de se fazer política.

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