quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Vem!

imagem retirada do google

Me dá um abraço e fica aqui ao meu lado. Prometo que não mordo. Que não arranco pedaço. De mim, só receberá dizeres doces. Cadencias de palavras leves e serenas, sem ruídos.
Me dá um abraço e fica aqui ao meu lado. Prometo andar pela estrada contigo. Falando e respondendo de forma a não te deixar enfastiado. As nossas falas conduzirão a uma melodia perfeita em que não haverá o que se jogar fora. Será um diálogo fluido, sem o temor que o silêncio nos acompanhe, pois nos encontraremos inclusive nele.
Me dá um abraço e fica aqui ao meu lado. Quero sentir o seu cheiro. Cafungá-lo por inteiro. Sentir o quentinho do seu corpo próximo. Ver sua barriga subir e descer, conforme você respira. Saber que não passamos de bichos indefesos quando estamos próximos.
Agora já está aqui. Presente, perto e querendo contato. Depois de te haver conquistado. Sabe que todas as promessas acima apresentadas estão sujeitas a mudanças daqui pra frente. Esse é o truque da sedução, promessas de mansidão, mas não há cotidiano que dê conta de tamanha paixão.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tchau!

foto retirada do google

Virar a página. Tarefa difícil. Deixar aquela paixão fresca ser transformada em memória algumas semanas depois. Euforia prematura proporcionada pelo reencontro diluiu-se na dificuldade de se revelar. Medo de se descobrir volúvel, medo de se machucar. Medo, tantos medos. Nesse temor se desfez o laço. E a simples aventura de se permitir se mostrar foi solapada pela segurança da solidão.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Repartições do eu

imagem retirada do google

se pudesse aguentar mais um minuto,
antes de dizer tudo o que penso.
muitas das minhas palavras não seriam despejadas
e pouco do que sou seria revelado.

se pudesse postergar decisões,
hoje não estaria a olhar para o construído
não teria tijolos nas mãos
não sedimentaria os que passaram por mim aos milhões.

se pudesse refazer os desvios
não seria agora assim:
 errante, mal-acabada, desconsertada
simplesmente, dada.

não há como rebobinar o já dito;
não há como diluir em água as escolhas e desenhar, no lugar, outras;
não há como endireitar caminhos tortos.
há sim de se desfolhar e se perceber:
nua, crua, gente... Humana.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Brechas


Há de deixar entrar, aquele que quiser. Quem sabe assim, você pare de se espantar com as miudezas do cotidiano. Aquelas frases deslocadas em um diálogo, em que você acreditava ser uma indireta em relação a sua maneira de ser. Não se aperceba em tudo. Apenas deixe estar, sem muito interpretar, tudo e todos.

Mergulhe naquele que te olhou de modo desesperançado, porque achava difícil um aceno seu ser concretizado. Ele observava-a. Atraiu-se por algum ponto que apenas ele podia perceber. Somente conseguiu alcançá-la por meio de uma fenda, que ainda não havia se fechado.

Descomplique-se, um pouco. És mundana. És faladora. És debochada. És devoradora de doces e salgados. Não se esparrame no chão da solidão. Garimpe os outros e se permita ser vasculhada.

Deixe esse hermetismo bíblico. Seja mais prosaica, mais interiorana. Diálogo sossegado no canto do ouvido. Café no bule, apenas aguardando um dedo de prosa.

Na veia, aplique autenticidade. Sem a falsidade do botox. Sem os tubos de maquiagem para disfarçar o que é seu, somente seu. Sua pele, sua alma, sua humildade. Não coloque salto, você não gosta. Não preencha aquilo que não te faz. Seduza com a honestidade de um sorriso.

Deixe-se apodrecer e se misturar ao solo, para fertilizá-lo. Nesse processo de morrer, nutrir, renascer e deixar que os outros se aproximem é que emergem as histórias, as paisagens, os beijos, os abraços, as despedidas, as dores, os afagos... E o prosseguir da vida.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

É de se esperar que...

Imagem retirada do google


a vida não faça tanto sentido;
o afeto parta e reparta você em vários;
pessoas se agreguem e depois se desmanchem;
o sono se transforme em insônia;
os barcos voem nos sonhos;
as coisas se signifiquem, se resignifiquem e depois deixem de significar;
os corpos se juntem e se separem;
a comida acabe e a fome venha;
a sede se esvaia quando se bebe água;
círculos se formem diariamente;
chegada a hora, você deixe de esperar.