Que mal faz uma mentirinha que nos deixa bem? Aquelas pequenas criações
que compõem a vida real preenchendo o cotidiano de forma mais interessante.
Aumentar uma história que parecia banal, apenas para prender a atenção dos
ouvintes. Seduzi-los estirando as partes mais engraçadas e omitindo as mais,
desesperadamente, tediosas.
Criativas inverdades deixam a vida mais açucarada, mais temperada, com
aquelas gordurinhas que toda pele de frango tostadinha e bem salgadinha traz
consigo. Como seria sem graça a vida se não a incrementássemos, com tonalidades
diversas, cada momento tragicômico vivenciado. Se não inseríssemos personagens
patéticos e inusitados. Invencionices deliciosas que não fazem mal a ninguém,
pelo contrário, ajudam a descontrair a face, relaxar o corpo e passar o tempo.
Em dias opacos, podemos escondê-los por detrás de cores vibrantes.
Despertando nossos convivas para o colorido de histórias imaginadas. No final
do dia, as pessoas que estão ao nosso redor acreditarão tanto no colorido do nosso
estado de espírito que até nós passaremos a deixar o preto e branco do começo
do dia para trás.
Ah, mentirinhas que nos acompanham fazendo dessa trajetória ainda mais encantadora.
Não há nada de ruim em ser autêntico a todo o momento. Mas de vez em quando ao nos
deixarmos levar por pequenas sedutoras inverdades, mundos nunca dantes navegados
virão à tona e nos surpreenderemos com o que a criatividade é capaz de
desenvolver. Talvez seja esse o dom dos inventores de histórias que nos
carregam pelo inusitado de seus mundos.
Eles nos seduzem com suas mentiras grandiosas, deliciosas de serem deglutidas.
E a vida vai ganhando em histórias, em caminhos por nós ainda não visitados
fisicamente, mas densamente transitado em palavras. Inverdades gostosas de se passarem
os olhos ou de serem ouvidas. Por vezes nos confundimos por onde estamos
pisando: se no mundo real ou no ilusório. Que mal há nisso? Nem sabemos, ao
certo, em que parte da vida nos misturamos aos sonhos!?