terça-feira, 19 de junho de 2012

À toa

Ele permanecia ali, no canto pouco iluminado, tentando consertar a rebimboca da parafuseta. Deixava o ponteiro dos segundos caminhar sem que se desse conta do raiar e do pôr do sol. Não sabia qual era o limite da linha que estava desfiando há anos. Nesse colecionar de dias, não queria apanhar o controle remoto e se chafurdar com imagens que chegavam aos olhos e não o levava a lugar algum. Apesar de saber que o conserto de rebimbocas não tinha tanta finalidade assim. De vez em quando, aparecia um sujeito com suas ladainhas infindáveis. Ele dava trela, porque achava mais difícil inventar história pra despistar esse ser falante, do que apenas ouvir. Nessa toada de ir desfiando o novelo, não conseguia compreender o absurdo daquilo tudo. Olhou pro pé de jamelão carregado, subiu e lá do alto, todo lambuzado, sentiu que a esquisitice do absurdo se apequenou.

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